quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Suas manchas


Certo dia destes, em um blog, li o chamativo título “Como remover manchas”. Acostumada que estou com crônicas e blogs que falar de situações cotidianas, na hora me interessei pelo post e corri para procurar o que buscava: como remover a mancha que um amor deixa na sua vida?

Claro que eu viajei. Na realidade, as dicas se referiam às manchas mesmo, de café, etc, etc. Porém, não pude deixar de tentar fazer uma analogia em como remover a mancha que um amor deixou em mim. No auge da minha viagem, pensei se, assim como para tirar mancha de transpiração, caso deixasse meu coração de molho na água oxigenada, ele respiraria, porque desde que comecei a amar este cara, não respirei mais.

Este amor me colocou em uma montanha russa, por vezes me queria, por vezes me chutava. E eu ia e saia e queria e me entregava. Só que eu sofria e doía e eu chorava, rolava, soluçava.

Aí não paro de me perguntar se ele já percebeu. Se já percebeu o tamanho do meu amor e o valor da mulher que ele jogou no lixo. Se ele pensa em mim quando a barba está ficando um pouco maior (reconhecendo a sabedoria de uma amiga que diz que barba é FODA). Se pensa em mim a cada conquista, quando vê as marcas das quais ele nunca ouviu falar. Quando olha para a gravata uva que eu ajudei a escolher.

Será que dói nele tanto quanto em mim que este aniversário passaremos separados? Cada um no seu canto? Sem que ele me permita ao menos um telefonema para dizer quanta felicidade eu quero desejar. E implícito nas minhas palavras estará que esta felicidade está e sempre esteve ao meu lado.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sabedoria...

“A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada”. (Lya Luft)

Sabedoria...


"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não  sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." (Lya Luft)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

De Cara Lavada

De cara lavada

Martha Medeiros

hoje me desfiz dos meus bens
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos

o quadro que fica atrás do bar
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos

a tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos

a cama doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos

aquele cinzeiro de cobre
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos

coube tudo num caminhão de mudança
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos

Frases

A Cupcake Terapia


A época do final do meu namoro foi uma época conturbada. As coisas não iam bem após uma traição e anos de tortura moral de uma pessoa que só enxergava a ponta do próprio nariz. E, no desespero para afastar aquele homem da minha vida e a doença que era meu amor por ele, eu resolvi escolher a pior das curas: eu me apaixonei.

Mas não, não foi aquele namorico das manjadas frases de “só um amor cura outro”. Foi amor de verdade. O amor da minha vida. Aquele amor que te muda e que você esperou por toda a sua vida. Porém, ainda não chegou a hora de falar tudo deste amor. Hoje enriqueço vocês com apenas um detalhe: ele não era da mesma cidade que eu. E eis que, em alguns finais de semana, ele ia visitar a família e eu ficava por aqui, abandonada.

Eu não estava na melhor época da minha vida e a saudade do meu amor era foda. Me comia por dentro. Então, resolvi repor as partezinhas despedaçadas do meu apaixonado coração. Tudo começou com a propaganda que meu irmão fez de uma nova loja que tinha os mais variados cupcakes. Eu fui conferir e fiquei deslumbrada com aqueles bolinhos das mais diversas cores e sabores, todos decoradinhos e fofinhos. O cheiro deles me fez sentir na história de João e Maria. A escolha foi dura, eram tantos, maçã com canela, brigadeiro, bico-de-pé, beijinho, frutas vermelhas, banana. Levei logo quatro, sem culpa.

E então, teve início a minha cupcake terapia. Toda sexta-feira à noite eu e o cupcake tínhamos um encontro marcado, na minha cama. Nas preliminares eu chegava mais perto para sentir seu cheiro irresistível. E tudo começava em cima, pela cobertura. Eu ia dando umas lambidinhas de leve, até aumentar o ritmo. Eu ia descendo, devorando todo aquele creme magnífico, até chegar na parte firme do bolinho. Colocava tudo na boca e terminava pela base, deliciosa.

Foram momentos maravilhosos, eu me lembro até de ter gemido de prazer. O melhor de tudo é que depois de cometer o pecado da gula, ao fim do cupcake, nós não tínhamos que discutir a relação, eu não ficava cheia de neuroses, tentando descobrir se ele me amava, se foi bom para ele, se ele ia ligar no dia seguinte. Eu simplesmente virava para o lado e dormia.

Durante à noite o cupcake não roncava e, de manhã, não havia mais qualquer sinal dele na minha cama. Foi um relacionamento perfeito que, infelizmente, acabou. A verdade é que, apesar de eu ter evoluído e não precisar mais do cupcake para me sentir inteira (eu me basto!), os quilinhos a mais começaram a aparecer e eu tive que riscá-lo, para o meu próprio bem.

Recomendo a cupcake terapia para as mulheres que querem um relacionamento tranquilo, sem neuras, cobranças, obrigações e, o mais importante de tudo, com um parceiro que vai te dar prazer.

Aonde termina o amor começa o… RESPEITO!!!





Perdi as contas de quantos casais apaixonados vi, ao longo dos anos, quando resolvem terminar o relacionamento, se separar ou divorciar, esquecerem aquele amor eterno, incondicional e puro e partirem para as mais cabeludas agressões verbais, sem medirem esforços para jogar a cruel verdade na cara do ser que era o centro do seu universo até minutos atrás. Curioso pensar que alguém conseguiu conviver por meses, anos ou décadas ao lado de alguém que, de repente, virou um monstro (me lembro da transformação da menina do filme O Exorcista).

Daí me pergunto: aonde vai parar o amor? Ele vira ódio?

Este comportamento só acontece com quem esteve apaixonado, ou você nunca brigou feio com sua mãe, seu pai e depois ficou tudo bem? Mesmo que algumas verdades tenham sido ditas. Quando o relacionamento acaba, achamos que a mágica de perceber que o outro não era tão bom assim vai tornar a solidão menos amarga, o recomeço um pouco menos dolorido sem ele ou ela ao nosso lado. Sem cafuné, sem alguém para se preocupar conosco, sem a pessoa que esteve ao nosso lado porque, sem dúvida, era incrível.

Martha Medeiros já dizia que o contrário do amor é a indiferença. E a indiferença faz brotar o respeito por uma pessoa que amamos, mas pela qual não sentimos mais nada. Mas não, na maioria dos casos o amor com promessas de ser para sempre se transforma em insultos. O “eu te amo” vira “eu te odeio”.

Não vou ser hipócrita a ponto de dizer que eu mesma nunca agi assim, de espernear, querer falar verdades para ver se ele voltava e corria para me abraçar, rodar comigo na chuva e perceber que foi só uma briguinha a toa. E aí vejo que Camões tinha toda a razão, o amor é mesmo contrário a si mesmo. Achamos que berrar, xingar, bater, vai mostrar ao outro como estamos sofrendo, como estamos despedaçados, como queremos que tudo fique bem.

A verdade é que a história sempre acaba mal. Falamos coisas que são difíceis de ser perdoadas e que ajudam a enterrar um relacionamento que já dava sinais de doença. No meu caso, foram duas as vezes que explodi, quando passei a sentir indiferença por um amor, as coisas que ele me falava não me machucavam mais. E com o amor da minha vida, porque ele ir embora foi tão dolorido que nem forças para insultar eu tive. Porém já consertei este equívoco e lhe escrevi um email dizendo o quanto ele é mau caráter.

Quando se trata de amor, não temos jeito mesmo. É impossível domar o coração, parar para pensar, não agir por impulso. Aí depois bate aquele arrependimento e a pergunta: e se eu tivesse agido diferente? E se tivesse dado um tempo para depois ter uma conversa séria e civilizada?

Não dá. Afinal, já crescemos ouvindo que os grandes amores são trágicos, são frutos de grande encenação, veja Romeu e Julieta. Pois eu cansei desta loucura, desta falta de respeito de cuspir no prato em que comi e ser cuspida. Hoje espero pacientemente por um amor tranquilo, que me traga paz, calmaria, serenidade.

A receita é muito simples. Pitágoras já sabia antes de Cristo: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo”.